
divulgação (Foto: Reprodução)
Amigas criam primeira agência de Salvador focada em criadores de
conteúdo negros
Em mais de um ano de atuação,
asMin(as) conecta esses influenciadores com diversas marcas do mercado
A agência asMin(as) é a
primeira de Salvador focada em criadores de conteúdo negros. Entre os serviços,
ela conecta - há um ano e seis meses - seus clientes às marcas do mercado. A
empresa oferta planejamento estratégico e criativo, curadoria de
influenciadores, assessoria comercial e projetos especiais.
Além disso, passou a disponibilizar soluções para toda a cadeia
digital de marcas e clientes, com branding, pesquisa e inteligência estratégica
de comunicação.
Dayane Oliveira, 27 anos, explica que a agência surgiu com foco
no comercial e comunicação para influenciadores negros e LGBTs das periferias
de Salvador. Ela e a sócia, ambas publicitárias de formação, se juntaram
para criar um negócio que tivesse diversidade e representatividade.
"A princípio, a gente iniciou nesse formato. Agora,
ampliamos nosso negócio para uma agência de comunicação digital. A gente abarca
as frentes de negócios de marketing de influência, trabalhando com assessoria,
interlocução desses influenciadores com as marcas, capacitação desses
influenciadores, e a gente tem um núcleo de gestão de redes sociais",
explicou Dayane Oliveira, que é diretora de comunicação digital.
Sua sócia, Letícia Sotero, 28, diretora de comercial e
relacionamento, fala sobre a relação entre as duas, que já existe há mais de
cinco anos.
"Nossa amizade surgiu muito por conexão. A gente tinha um
amigo em comum que nos apresentou e fomos percebendo alguma conexões, coisas
semelhantes na nossa convivência, história, para se tornar agora uma história
única com asMin(as)", explicou.
Ainda sobre a agência, Dayane detalha que a "agência conta
com cinco clientes fixos, já rotativos giram em torno de mais de dez
clientes". No total, a empresa possui mais 12 colaboradores. Os
interessados em procurá-las pode acessar o seguinte perfil no Instagram: @asminascontent.
Difuldades
no início
O sucesso da agência é fruto de muito trabalho. Mas tudo começou
com as dificuldades que todo empreendedor pode vivenciar.
"Os primeiros desafios de impacto, de montar uma empresa
desde o início, de montar um plano de negócios. Além disso, tem a falta de
compreensão da sociedade de nos receber por sermos mulheres negras. Existem
algumas barreiras no mercado e fomos quebrandos esse tabus, essas barreiras
através do nosso discurso e da qualidade de trabalho que a gente entrega",
explicou Dayane Oliveira.
E quando existe algum problema para ser solucionado? A resposta, de acordo com
Letícia Sotero, é resolver com muita conversa.
"A gente tem uma base muito no diálogo, recebemos o
feedback dos colaboradores, temos aqui um espaço aberto para dialogar. O
primeiro passo é a empatia de se colocar no luguar do outro. É ouvir e entender
como chegar na solução. O segundo passo é o foco na solução", detalhou.
Antes de montar o negócio, as empreendedoras vivenciaram
situações complicadas. Letícia, por exemplo, teve que lidar com racismo em seu
antigo trabalho.
"Trabalhava numa indústria de cosméticos e tinha que lidar
com os franqueados. Eram pessoas que tinham uma posição social com grana e
achavam que isso bastava, que poderiam humilhar e depreciar as pessoas. Foram
processos complicados, complexos, mas consegui enxergar aquilo como algo
importante para o meu crescimento, para ter maturidade e hoje ter uma postura
diferente caso aconteça algo comigo semelhante", contou.
Dayane complementa: "O sistema é formado para isso, para
oprimir. O racismo é estrutural, em algum momento na sua vida você vai passar
por alguma situação. Sem enxergar uma oportunidade de crescer, a gente acaba
empreendendo por necessidade, por sobrevivência. Tanto a minha visão quanto a
dela foi ver que não tínhamos oportunidade de crescer. Agora estamos numa
posição que a gente decide, articula relações, então a visão é outra".
Inspiração
para empreendedores negros
Letícia Sotero sabe que a agência asMin(as) serve para inspirar
pessoas. Por isso, elas entregam um excelente trabalho. "Temos construído
desde o início da empresa até agora laços firmes, fortes, e que bom que as
pessoas enxerguem isso na gente, de sermos uma inspiração", detalhou.
Para Dayane, a empresa serve para inspirar e está aberta para
que novos empreendedores negros apareçam.
"A gente sabe que é a primeira agência negra de comunicação
de Salvador, mas quer que outras agências surjam com esse mesmo propósito. Só
assim a gente consegue mudar a máquina, só assim a gente consegue quebrar um
pouco desse sistema instalado na sociedade e consegue usar a comunicação como
ferramenta de transformação social", explicou.
Por isso, a diretora de comunicação digital pede: "Se
inspirem na gente, mas também chamem a gente pra conversar e quem sabe a gente
pode construir novas narrativas juntos, porque a ideia é que a gente deixe um
legado a partir disso, para que outros formatos de negócios surjam a partir
dessa nova provocação que estamos fazendo aqui".
Dayane se coloca à disposição para ajudar, diz que é possível
chamá-las para "tomar umas". E completa: "Somos mulheres
seguras, independentes, empoderadas. Acreditamos na progressão da sociedade
como um todo, em gênero, em cor, mas economicamente falando também é
importante. Somos duas sonhadoras, não temos medo de errar", garantiu
Já Letícia define a si mesma e à sócia como duas jovens cheias
de sonhos, vontade de crescer e muitos objetivos a conquistar não só
profissionalmente, mas pessoalmente também.
"São duas mulheres que acreditam muito que a comunicação
como um todo tem um poder de transformação, de acrescentar, de movimentar, de
modificar. Somos sonhadoras e realizadoras", explicou.
As sócias lembram que o Novembro Negro é uma agenda importante,
mas que a pauta da Consciência Negra precisa ser debatida o ano inteiro.
"O Novembro Negro é para gritar para a sociedade que
precisamos ter uma reparação história. As pessoas negras precisam ter
visibilidade, não podem ser marginalizadas, a sociedade não abarca mais esse
tipo de discriminação. Somos jovens mulheres empreendedoras que estamos aqui
empregando jovens. A gente enxerga o Novembro Negro como agenda para se
discutir, mas também para ter atitude. Discurso não enche barriga",
garantiram.