
divulgação (Foto: Reprodução / STF)
Rosa Weber, do
STF, nega pedido do governo após caso de bloqueio do Telegram
A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal),
negou um pedido do governo que tentava impedir o bloqueio de aplicativos que
descumpram decisões judiciais.
A
requisição da AGU (Advocacia-Geral da União) havia sido feita no mês passado,
pouco após a determinação de suspensão do Telegram pelo ministro Alexandre de
Moraes.
"Por se mostrar manifestamente inadmissível a via
processual eleita para a veiculação do pleito formulado, não conheço do pedido
de tutela de urgência incidental deduzido pelo senhor Advogado-Geral da
União", escreveu a ministra na sexta-feira (8).
No mês passado, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, entrou
com um pedido de medida cautelar no STF contra medidas de suspensão de
aplicativos, e o pleito foi direcionado a uma ação direta de
inconstitucionalidade relatada por Weber.
O pedido era para estabelecer o entendimento que penalidades
previstas na lei 12.965 (que estabelece princípios, garantias, direitos e
deveres para o uso da internet no Brasil) não pudessem ser aplicadas em caso de
inobservância de ordem judicial.
Com
isso, o governo tentava reverter a decisão de Moraes, que acolheu pedido da
Polícia Federal em março e determinou que as plataformas e provedores de
internet bloqueassem o funcionamento do Telegram em todo o Brasil.
Na decisão de 18 páginas, Moraes salientou reiteradas vezes a
"omissão" do Telegram em cessar a divulgação de notícias fraudulentas
e a prática de infrações penais.
O Telegram é visto como uma das principais preocupações para as
eleições de 2022 devido à falta de controles na disseminação de fake news e se
tornou também alvo de discussão no Congresso e no TSE para possíveis restrições
em seu funcionamento no Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), que usa de forma intensiva o
Telegram, afirmou na ocasião que a decisão de suspensão do aplicativo não tem
"nenhum amparo no Marco Civil da internet e em nenhum dispositivo da
Constituição".
Posteriormente
à ordem de bloqueio, no entanto, o Telegram entrou em contato com as
autoridades brasileiras e conseguiu convencer Moraes a reverter a decisão. O
advogado Alan Thomaz foi nomeado representante da ferramenta no Brasil, umas
das providências adotadas pela empresa como resposta à medida do ministro.
Além disso, no fim de março o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
informou que o Telegram aderiu ao programa de enfrentamento à desinformação nas
eleições.
O objetivo do programa é combater conteúdos falsos relacionados
à Justiça Eleitoral, incluindo as urnas eletrônicas e os atores envolvidos no
pleito --ministros do TSE, por exemplo.
Outras plataformas já haviam firmado a parceria com a corte
anteriormente, incluindo Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram
YouTube e Kwai.