
Divulgação (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Associação
Nacional de Procuradores vai recorrer de decisão de Toffoli sobre Odebrecht
Segundo o presidente da entidade, Ubiratan Cazetta, o recurso
será apresentado em conjunto com a Associação dos Juízes Federais do Brasil
(Ajufe)
A Associação dos Nacional dos Procuradores da República (ANPR)
vai recorrer da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias
Toffoli, que determinou a anulação de todas as provas que embasaram o acordo de
leniência da Odebrecht (atual Novonor), assinado no fim de 2016 e homologado em
2017 pela Suprema Corte. A informação foi confirmada ao Broadcast pelo
presidente da entidade, Ubiratan Cazetta.
Segundo Cazetta, o recurso será apresentado em conjunto com a
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), com expectativa de que o
apelo seja julgado pela Segunda Turma do STF, composta por Toffoli, Gilmar
Mendes, Edson Fachin, Nunes Marques e André Mendonça.
Na quarta-feira (6), em despacho de 135 páginas, o ministro
classificou como imprestáveis as provas obtidas a partir do acesso aos sistemas
Drousys e My Web Day, que eram utilizados pelo setor de Operações Estruturadas
da Odebrecht - o chamado "departamento de propinas" da empreiteira.
Conforme delações de ex-executivos da empreiteira, o setor armazenava recursos
desviados de obras com o poder público, que eram distribuídos a políticos.
Toffoli também afirmou que a prisão do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) teria sido um dos maiores "erros jurídicos da história
do País".
Após a decisão do ministro, a Advocacia-Geral da União (AGU)
anunciou que criará uma força-tarefa para apurar desvios de agentes públicos e
reparar danos causados pela operação a Lula. Ainda de acordo com a AGU, o grupo
vai analisar a conduta de procuradores da República e membros do Poder
Judiciário - o que pode atingir o ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sergio
Moro (União Brasil-PR) e o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol.
Ontem mesmo a ANPR já havia divulgado nota em que critica o
despacho de Toffoli. Nela, a associação diz ser necessário ressaltar a
necessidade de que a discussão sobre os fatos envolvendo a Lava Jato seja
pautada "por uma análise técnica, objetiva, que preserve as instituições e
não se renda ao ambiente de polarização e de retórica que impede a compreensão
da realidade."
"O
acordo de leniência firmado pelo Ministério Público Federal com a Odebrecht
resultou de negociação válida, devidamente homologada pelo próprio Supremo
Tribunal Federal, com a participação de vários agentes públicos, pautados em
atividade regular. Não é correta a afirmação de que o acesso aos sistemas
Drousys e Mywebday, mantidos pela Odebrecht para registrar o pagamento de
propina, descumpriu o procedimento formal de cooperação internacional. Em razão
do acordo de leniência, a Odebrecht entregou uma cópia dos sistemas diretamente
ao MPF no Brasil", afirmou a associação.