
divulgação (Foto: Reprodução / Prefeitura de Cachoeira)
Cachoeira: Após
abrir mão de escolta, prefeita lamenta demora para investigar ameaças
Uma história que
começou em dezembro de 2020 parece não ter prazo para terminar. Trata-se das
ameaças de morte sofridas pela prefeita da cidade de Cachoeira, no Recôncavo
baiano, Eliana Gonzaga (veja
aqui). Os crimes, que aparentam ter motivação política, resultaram
na morte de dois dos seus apoiadores. À época, Eliana chegou a ser protegida
por uma escolta policial ofertada pelo Estado - o que foi deixado de lado
quando a pressão da mídia sobre o caso cessou. Agora, mais de 200 dias após as
primeiras denúncias, ainda não há respostas sobre os mandantes dos crimes e os
autores.
Eleita com 55,94%, o que
corresponde a pouco mais de 10.400 votos, Eliana é a primeira mulher negra a
ser escolhida para comandar o executivo cachoeirano desde a emancipação
política da cidade em 1837. Diante das ameaças, e de uma campanha
considera por ela como "altamente agressiva, mesquinha e perversa", a
política considera constrangedor o fato das investigações não terem sido
elucidadas. “É triste a gente saber que ainda não foram concluídos os autos,
principalmente por conta das perdas que tivemos. Das pessoas que se foram numa
fase da vida ainda muito jovens e de forma prematura”.
Gonzaga se refere às mortes de
dois dos seus apoiadores. Um deles, Ivan Passos, foi assassinado em abril de
2021, após o resultado das eleições (relembre)
. O outro, o ex-vereador Georlando Silva, foi morto um pouco antes, em março do
mesmo ano. Ironicamente, o crime foi cometido em frente a delegacia do
município (veja aqui).
Agradecendo a atenção dispensada
ao caso pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Eliana se
retrai ao saber a situação atual das investigações. “Fico até um tanto
constrangida em saber que nada ainda foi resolvido. Não tem ninguém assim apontado
de fato e, sobretudo, punido. Não somente aqueles que puxaram o gatilho, mas
também os mandantes. A população, a sociedade como um todo, precisa de
respostas”, defende.
Ao Bahia Notícias, ela conta que
abriu mão da segurança disponibilizada pela SSP após as ameaças (relembre).
“Lá [Em Cachoeira] temos uma única viatura, e era essa viatura, para ficar a
disposição somente da minha segurança. Eu não me sentia confortável e não me
sentia bem com essa situação. Porque se ficassem à disposição da minha proteção
e dos que estavam ao meu redor, como ficaria a cidade, sem uma viatura? Eu
mesmo dispensei aqueles serviços”, contou.
Para a gestora, não há que se
cobrar por escolta. Ela acredita que as dificuldades do Estado em lidar com o
baixo efetivo justifica a situação. Enquanto isso se vale de estratégias que
tiveram de ser adotadas após as ameaças. “Tomo o máximo de cuidados possíveis.
Não me sinto totalmente segura, contudo, a vida é assim. Precisamos tomar
cuidado, não só eu, mas a população em geral, ninguém está seguro hoje em
dia. Devemos evitar exposição desnecessária. Mudar caminhos e, quando se expor,
estar cercada por pessoas prestando atenção em pontos críticos”, narrou.
O Bahia Notícias buscou a
Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) que, por meio da Polícia Civil,
informou que o inquérito que investiga o caso não foi concluído. Ainda de acordo
com a instituição, o procedimento relacionado a ameaça sofrida pela prefeita
está em fase conclusiva, aguardando o envio de dados de uma operadora de
telefonia celular, para serem analisados.
“O prazo para elucidação varia
conforme a complexidade da investigação, e pelo fato de ninguém estar sofrendo
restrição de liberdade no curso da apuração, a Lei não impõe prazo obrigatório
de remessa do inquérito para a Justiça. Em relação a proteção de autoridades, é
uma ação sigilosa, cujos detalhes não devem ser divulgados”, diz parte do
posicionamento da Polícia Civil.
O BN perguntou para Polícia Civil
se as investigações das mortes dos apoiadores da prefeita Eliana Gonzaga já
foram elucidadas. Até o fechamento desta matéria, a PC não respondeu aos
questionamentos.