
divulgação (Foto: reprodução)
Jovem é diagnosticada com a
‘pior dor do mundo’; Descubra o que é a espondilite anquilosante
Carol
Arruda, que mobiliza o país compartilhando sua luta contra a dor nas redes
sociais, estuda a possibilidade de eutanásia na Suíça
A estudante universitária
Carolina Arruda recebeu nesta semana o diagnóstico de espondilite anquilosante
após anos de investigação. A jovem de 27 anos também tem neuralgia do trigêmeo,
doença conhecida por provocar a “pior dor do mundo”, e ganhou visibilidade nas
redes sociais após criar uma vaquinha online para ir à Suíça com o objetivo de
se submeter à eutanásia.
Espondilite anquilosante é uma doença inflamatória que se
caracteriza pelo acometimento das articulações do esqueleto axial, composto
pelos ossos da cabeça, pescoço, costas e tórax. A idade média de registros gira
em torno dos 26 anos e o quadro costuma aparecer com mais frequência no sexo
masculino.
“É uma doença que ainda tem um atraso importante nos
diagnósticos, em torno de sete anos”, destaca Carla Gonçalves Schahin Saad,
coordenadora da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de
Reumatologia (SBR) e do Ambulatório de Espondiloartrites do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “Mas
por que isso acontece? Porque o sintoma é dor nas costas, algo muito comum na
população”.
Diagnóstico
O diagnóstico é um desafio para reumatologistas. “Você tem que
notar os sintomas do paciente, fazer o exame físico e perceber alterações
laboratoriais e de imagem que mostrem alterações na estrutura óssea dessas
articulações”. Quanto mais tardio o diagnóstico, maior a quantidade de
alterações ósseas nos pacientes.
“A dor nas costas causada pela doença é diferente de dores
comuns. Ela vai se instalando aos poucos, o que chamamos de caráter insidioso,
e vai piorando ao longo do tempo, principalmente durante o repouso. O pior
momento das dores é durante a noite, quando a pessoa está deitada na cama”,
afirma Carla.
A doença afeta a qualidade do sono dos pacientes e eles já
acordam com dificuldades em realizar tarefas rotineiras, como se vestir, pegar
algo no chão ou escovar os dentes. A inflamação também causa muita fadiga.
Como tratar
A causa da doença está relacionada, principalmente, à presença
do gene HLA-B27. “O B27 é o gene mais relatado na literatura médica, mas também
existem outros. Então, a pessoa nasce com uma predisposição genética para ter a
doença”, diz Carla.
A
Espondilite anquilosante também pode ser desencadeada por exposição a vírus ou
estresses mecânicos. “Por exemplo, a pessoa já tem uma predisposição genética e
foi fazer uma atividade física que sobrecarrega aquela articulação”, acrescenta
a reumatologista.
Segundo a professora, o foco do tratamento é o bloqueio da
inflamação. “Usamos anti-inflamatórios não hormonais, que são aqueles comuns.
Mas, se o paciente não tiver uma resposta rápida e só tiver acometimentos na
coluna e na bacia, o próximo passo seriam as terapias imunobiológicas, que
estão disponíveis há cerca de 20 anos para essa doença, tanto no Sistema Único
de Saúde (SUS) quanto na rede privada”.
O tratamento é para toda vida. “O objetivo é atingir a remissão,
ou seja, o controle dos sintomas inflamatórios, quando a pessoa não sente mais
nada. Mas isso enquanto o paciente continua tomando os remédios”, afirma Carla.
“Ao controlar os sintomas, o paciente consegue restabelecer a qualidade de vida
e a capacidade funcional de realizar os afazeres do dia a dia”.